Quando não se conhecia a escrita se transmitia a história através de narrativas orais. O saber e a inteligência
praticamente identificavam com a memória, em especial a
auditiva, o mito funcionava como estratégia para garantir
a preservação de crenças e valores. A escrita inaugurou uma nova etapa da história humana. Com ela mudaram as relações entre o indivíduo e a memória
social. O sujeito pôde se projetar sua visão de mundo, sua cultura seus sentimentos e vivências no papel. Ajudando a tecer, linha após linha as páginas da história.
A memória de uma cultura já não cabe apenas no conto ela é constituída de documentos, registros históricos datas arquivos.
Tudo passa a estar escrito numa cronologia.
A tendência da busca da valorização da objetividade e da neutralidade, contra as diversas interpretações, a escola estuda a língua como fenômeno estático direcionando o ensino para a sistematização de normas, para adequar ao
sistema sem dar espaço a diversidade, para a multiplicidade
de interpretações dos signos, para as intenções dos falantes. Daí o predomínio das linguagens matemáticas ou "exatas", que não se prestam à polissemia; pois, como aconselhava Francis Bacon, é mais seguro:
"...imitar a sabedoria dos matemáticos, estabelecendo desde
início as definições de nossas palavras e termos, para que
outros possam saber como os aceitamos e entendemos, e decidir-se concordam ou não conosco" (apud Hacking, 1999).
O conhecimento escolar da cultura letrada se estruturou como as páginas de um livro: linear, encadeado e segmentado.Num livro é difícil, mesmo incômodo consultar dois trechos de páginas diferentes ao mesmo tempo.
T.Astle, escreveu em 1874 que "a mais nobre aquisição da humanidade é a fala, e a arte mais sutil é a escrita; a primeira distingue eminentemente o homem da criatura bruta, e a segunda, dos selvagens sem civilização" (apud Olson, 1997)
CIBERCULTURA
A conexão simultânea dos atores da comunicação a uma mesma rede traz uma relação totalmente nova com os a linha.
O megadesign hipertextual reconfigura todo o espaço. Trata-se de um ciberespaço, interativo e receptivo a todas as vozes conectadas que desejem escrever uma parte do megatexto produzido pela inteligência coletiva.
O hipertexto, nova forma de escrita e de comunicação da sociedade informática mediática. A internalização
da estrutura do hipertexto como mediação para a produção
de conhecimento implica novas formas de ler, escrever, pensar e prender. Como afirma Landow w Delany (1991), a hipertextualidade não é um mero produto da tecnologia, e sim um modelo relacionado com as formas de produzir e de organizar o conhecimento, substituindo sistemas conceituais fundados nas idéias de margem, hierarquia, linearidade, por outros de multilinear idade, nós, links e redes".
O que é um hipertexto? Como o próprio nome diz, é algo que está numa posição superior à do texto, que vai além do texto. Dentro do hipertexto existem vários links, que permitem tecer o caminho para outras janelas, conectando algumas expressões com novos textos, fazendo com que estes se distanciem da linearidade da página e se pareçam mais com uma rede. Na internet, cada site é um hipertexto - clicando em certas palavras vamos para novos trechos, e vamos construindo, nós mesmos, uma espécie de texto. No conhecimento, substituindo sistemas conceituais fundados nas idéias de margem, hierarquia, linearidade, por outros de multilinear idade, nós, links e redes".
Cada uma das páginas da rede é construída por vários autores: designers, projetistas gráficos, programadores do conteúdo do texto. Cada percurso textual é tecido de maneira original e única pelo leitor cibernético. Não existe, portanto, um único autor: seria mais adequado falar de um sujeito coletivo, uma reunião e interação de consciências que produzem conhecimento e navegam JUNTOS
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